A área de concentração “Educação em Ciências” tem como problema central de suas ações – quais sejam, produção de conhecimentos, formação acadêmica e de docentes para o ensino superior e educação básica – os processos de produção de significados e sentidos que temos histórica e socialmente construído sobre ciências e suas tecnologias e seus impactos nas sociedades contemporâneas.

Particularmente, esta área de concentração tem como foco central de suas investigações o papel da “Educação em Ciências”, nesse processo de construção de sentidos sobre ciência e tecnologia.

Ou ainda, essa área se volta para o contexto atual de grandes desafios colocados para as sociedades contemporâneas no que diz respeito aos significados e sentidos que vimos construindo sobre as práticas sociais relacionadas a ciências e suas tecnologias, particularmente, as que envolvem a Educação em Ciências.

Além disso, essa área de concentração, tem como um de seus pressupostos os compromissos sociais e políticos inseridos em uma realidade social marcada por perversos efeitos econômicos, sociais e culturais dos atuais modelos da relação entre sociedade e natureza, que acabam por gerar um agravante quadro de injustiças socioambientais. Nesse sentido, importa, também, considerar, o papel da pesquisa em Educação em Ciências, assim como das práticas educativas, em oferecer elementos que contribuam para que a população possa analisar as políticas de desenvolvimento científico e tecnológico e, como cidadãos, participar da construção de políticas de ciência e tecnologia que contribuam para a construção de sociedades democráticas, que tenham como orientação maior a construção da equidade socioambiental. Menos ainda, pode desconsiderar o atual e complexo contexto do acelerado processo de produção de conhecimentos pelos diferentes campos da ciência, da produção de tecnologias que invadem nosso cotidiano, mas que nem sempre estão disponíveis para todos em sociedades desiguais e diferenciadas em termos de qualidade de vida.

Se no século XX, intelectuais e educadores dessa área apontavam para o risco de vermos as ciências e suas tecnologias como o grande “mito do porto seguro” e, a partir dele a possibilidade de “fetichização do lugar e do papel da ciência e tecnologia em nossas sociedades”, entramos na segunda metade do século XXI enfrentado o risco de alimentarmos a construção das pós-verdades, das fakes news, dos movimentos negacionistas do conhecimento científico, da demonização da tecnologia, da participação nos movimentos de antivacinas, em plena experiência de uma pandemia de proporções inimagináveis.

Assim são esses contextos sociais e políticos que têm sido considerados para o delineamento da missão maior e dos impactos possíveis dessa área de concentração e dos objetivos que temos projetado para o programa, a saber:

a) elaborar propostas investigativas e educativas que tenham como orientação maior a construção de sociedades democráticas e justas socioambientalmente e que possam contribuir para a democratização do acesso crítico ao conhecimento científico e aos produtos da tecnologia;

b) propor e desenvolver pesquisas relacionadas com a educação em ciências, alicerçadas em referenciais teórico-metodológicos condizentes com as linhas de pesquisa do programa;

c) qualificar pesquisadores e educadores para a atuação na educação superior, em contextos escolares da educação básica e em contextos não escolares, a partir da análise e do desenvolvimento de processos e de produtos educacionais que visem à melhoria da educação em ciências e suas tecnologias;

d) divulgar teorias, práticas investigativas e educativas da Educação em Ciências, sobretudo por meio da publicação em diferentes meios de divulgação científica e em outros meios de divulgação dos produtos e das práticas de produção da ciência e tecnologia.